O Banco Central do Brasil (BCB), quer ampliar as formas de pagamento no País com o “real digital“, a versão virtual da moeda brasileira. Pensando nisso, a instituição lançou no começo de dezembro um laboratório para avaliar possibilidades de uso e a capacidade de execução de projetos com o real digital e prevê começar testes com grupos específicos até o fim de 2022.
A ideia é que o real digital facilite e barateie a criação de contratos de empréstimos personalizados, fornecendo empréstimos para poucos dias ou com pagamentos em meses específicos. Além disso, o real digital possui o objetivo de favorecer a integração com sistemas de pagamentos internacionais e permitir compras em outros países com conversão imediata.
A fase de testes ainda pode ser longa, pois o BC irá precisar criar um novo ambiente financeiro para colocá-la em ação com todas as garantias de segurança e proteção de dados dos consumidores.
Semelhanças e diferenças entre o real digital e as criptomoedas
O Banco Central já definiu algumas diretrizes para o real digital, mas espera o resultado do laboratório para fechar o desenho completo. Ademais, já está certo que a moeda virtual vai ser “idêntica” ao real em papel, mas só poderá ser utilizada em transações eletrônicas e armazenada em carteiras digitais de instituições financeiras. É importante ressaltar que a moeda digital vai além do Pix ou qualquer transferência eletrônica, pois permitirá movimentar um dinheiro que não existe fisicamente.
Ainda não existe uma tecnologia definida para a utilização do real digital, mas o blockchain (tecnologia usada nas transações de criptomoedas) é o caminho mais provável. Entretanto, ao contrário das criptomoedas, essa moeda será reconhecida oficialmente como moeda brasileira e o seu valor sempre estará atrelado ao mesmo do real convencional, enquanto as criptomoedas, que não são consideradas moedas correntes, precisam ser convertidas por uma moeda convencional (dólar ou real) e por isso, possuem valor instável e efeito especulativo.
Edital para o Laboratório do Real Digital
Diante dessas novidades, haverá um edital para a inscrição de projetos relacionados ao real digital no laboratório criado pela Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) em parceria com o BC, com inscrições previstas entre 10 de janeiro a 11 de fevereiro. A partir do edital serão selecionados modelos de negócios que tragam ganhos para o sistema financeiro atual e que tenham capacidade de execução ao longo do processo.
A previsão é de que as propostas selecionadas serão divulgadas no início de março e, na sequência, de 28 de março a 29 de julho, será iniciada a etapa de execução. Nessa fase última fase, os servidores do Banco Central e voluntários do mercado e da academia farão um acompanhamento da evolução dos projetos a cada 15 dias.
Por fim, a expectativa da direção do BC é de que, ao final desse processo, já tenha produtos mais desenvolvidos e que possam ser levados para o mundo real. Após a aprovação e desenvolvimento dos projetos, o órgão irá integrá-los ao sistema financeiro atual.
Fonte: CNN