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Saúde mental no trabalho: Como desenvolver políticas alinhadas às normas de compliance?

Saúde mental no trabalho: Como desenvolver políticas alinhadas às normas de compliance?
Saúde mental no trabalho: Como desenvolver políticas alinhadas às normas de compliance?

No cenário corporativo atual, a saúde mental no trabalho é uma prioridade, refletindo não apenas preocupações éticas e de bem-estar, mas também exigências legais e de compliance. Desse modo, desenvolver políticas de saúde mental corporativas alinhadas às normas de compliance é essencial para garantir que sua empresa cumpra com as regulamentações e promova um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

Abaixo listamos as etapas necessárias criação e implementação dessas políticas de forma eficaz:

Para o desenvolvimento das políticas, é crucial realizar uma avaliação detalhada do ambiente de trabalho para identificar possíveis riscos à saúde mental. Esse diagnóstico pode ser feito através de uma combinação de avaliações internas e pesquisas com os colaboradores.

Uma análise detalhada deve considerar aspectos como a carga de trabalho, a pressão exercida sobre os funcionários, a qualidade do suporte oferecido e a existência de práticas de gestão que possam contribuir para o estresse e o burnout.

A Portaria GM/MS nº 2.437/2023, que aprova a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), lista as principais doenças mentais e comportamentais que podem estar relacionadas ao trabalho, incluindo:

Transtornos de Ansiedade Relacionados ao Trabalho: Incluem o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de pânico, e transtornos de ansiedade induzidos por estresse no ambiente de trabalho, como metas excessivamente altas, assédio moral (mobbing), e pressão psicológica constante.

Depressão Relacionada ao Trabalho: Quando o trabalho contribui significativamente para o desenvolvimento de sintomas depressivos, seja por condições como sobrecarga de trabalho, ambiente tóxico, falta de reconhecimento, discriminação, ou outras pressões relacionadas ao trabalho.

Síndrome de Burnout (Esgotamento Profissional): Incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional, a síndrome de Burnout é caracterizada pelo esgotamento emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, principalmente em profissionais submetidos a altos níveis de estresse e cobranças.

Transtornos de Estresse Pós-Traumático (TEPT) Relacionados ao Trabalho: Desenvolvidos após exposição a eventos traumáticos no ambiente de trabalho, como acidentes graves, assaltos, violência, ou outras situações que causem trauma psicológico.

Transtornos Psicossomáticos Relacionados ao Trabalho: Condições em que o estresse e as pressões psicológicas no ambiente de trabalho se manifestam como sintomas físicos, como dores de cabeça, distúrbios gastrointestinais, e outras queixas físicas sem uma causa médica identificável.

Para que a doença seja caracterizada como ocupacional, é necessário demonstrar um nexo causal, ou seja, uma relação direta entre as condições de trabalho e a doença diagnosticada. Abaixo estão alguns exemplos de meios que podem comprovar essa relação:

1. Exames Médicos Periódicos e Admissionais

2. Relatórios e Atestados Médicos

3. Laudos Técnicos de Inspeção no Local de Trabalho

4. Histórico de Reclamações e Assédio

5. Testemunhos de Colegas de Trabalho

6. Documentação de Procedimentos e Práticas Organizacionais

No contexto do trabalho remoto, comprovar que uma doença é ocupacional requer a demonstração de um nexo causal entre as condições de trabalho e o desenvolvimento ou agravamento da doença. Isso pode ser feito por meio de registros de comunicação que evidenciem cobranças excessivas, prazos irreais, ou pressão constante por resultados, além de registros de horas de trabalho que comprovem jornadas excessivas e a falta de pausas adequadas. Relatórios médicos e atestados também são fundamentais, especialmente aqueles que identificam o impacto direto das condições de trabalho remoto na saúde mental do trabalhador, como ansiedade, depressão ou síndrome de Burnout.

Por fim, a ausência de suporte psicológico ou medidas de saúde ocupacional específicas para trabalhadores remotos pode ser evidenciada por meio de documentos internos que mostram a falta de programas de assistência. Solicitações formais de ajustes no trabalho, como redução de carga de trabalho ou apoio psicológico, que não são atendidas pela empresa, também são provas importantes.

A combinação desses elementos fortalece a argumentação de que as condições de trabalho remoto contribuíram diretamente para o desenvolvimento ou agravamento de doenças ocupacionais.

Com base na compreensão das regulamentações e na avaliação do ambiente de trabalho, o próximo passo é desenvolver políticas claras e eficazes para a saúde mental. Essas políticas devem abordar questões específicas, como carga de trabalho e medidas contra assédio moral e discriminação.

Um componente fundamental de qualquer política de saúde mental é a implementação de canais de comunicação abertos e eficazes. É crucial estabelecer um canal de denúncias seguro e confidencial, onde os colaboradores possam relatar preocupações relacionadas à saúde mental, como assédio moral e condições de trabalho adversas. Esses canais podem incluir plataformas online seguras, onde os funcionários podem registrar denúncias anonimamente e linhas telefônicas exclusivas geridas por equipes especializadas que garantem suporte 24 horas por dia. Aplicativos móveis de denúncia e serviços de chat, como chatbots configurados para encaminhar denúncias, também são alternativas eficazes que oferecem discrição e acessibilidade.

Além disso, é possível utilizar e-mails de compliance ou ouvidoria, caixas de sugestões e denúncias físicas em locais de trabalho presenciais e até organizar reuniões privadas com representantes de Recursos Humanos ou comitês de ética.

Esses canais devem ser de fácil acesso e amplamente divulgados, assegurando que todas as denúncias sejam tratadas com a máxima seriedade, imparcialidade e confidencialidade. Ao implementar uma variedade de canais de denúncia, a empresa garante que os colaboradores se sintam seguros e apoiados ao relatar problemas, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e protegido.

No artigo Canal de Denúncias e Compliance, reforçamos sobre o papel crucial do Canal de Denúncias em garantir a conformidade e a transparência nas organizações.

Nessa etapa, é necessário promover a sensibilização de gestores e colaboradores através de treinamentos que possam aumentar a conscientização sobre as boas práticas no ambiente corporativo. Colaboradores bem informados são mais propensos a buscar ajuda quando necessário.

Após a implementação das políticas, é crucial monitorar continuamente sua eficácia. A avaliação contínua pode ser realizada através de feedback dos colaboradores e métricas de saúde ocupacional. Esses dados ajudarão a identificar se as políticas estão funcionando como esperado e se há áreas que precisam de ajustes.

Revisar e ajustar as políticas conforme necessário é fundamental para atender às novas necessidades e desafios que possam surgir. O compromisso com a melhoria contínua garante que as políticas permaneçam relevantes e eficazes ao longo do tempo.

Todas as políticas e procedimentos relacionados à saúde mental devem ser claramente documentados e acessíveis a todos os colaboradores. A transparência é essencial para garantir que todos os funcionários conheçam as políticas e saibam como acessá-las.

Manter a transparência sobre as políticas implementadas e garantir que todos os colaboradores sejam informados e entendam como acessar e utilizar esses recursos ajuda a criar um ambiente de trabalho mais aberto e inclusivo.

Finalmente, é importante garantir que as políticas de saúde mental estejam integradas ao programa geral de compliance da empresa. Isso envolve alinhar as políticas de saúde mental com as normas de compliance e a gestão de riscos da empresa.

Incluir a gestão da saúde mental na avaliação de riscos e no plano de conformidade da empresa ajuda a proteger a empresa de possíveis passivos trabalhistas e contribui para a construção de um ambiente de trabalho ético e sustentável.

Desenvolver e implementar políticas de saúde mental alinhadas às normas de compliance é um investimento crucial para garantir a conformidade legal e promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo. Ao adotar essas práticas, sua empresa não só protegerá seus colaboradores, mas também fortalecerá sua posição como um empregador responsável e comprometido com o bem-estar de seus funcionários.

Para garantir que todas as exigências legais sejam atendidas, é aconselhável consultar um advogado especializado em direito trabalhista e compliance. Aqui no BL Consultoria Digital auxiliaremos a sua empresa na aplicação correta das normas e regulamentações específicas para a saúde mental no ambiente de trabalho. Agende uma reunião e entenda mais como podemos ajudar.

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