As falhas em segurança digital deixaram de ser um problema meramente técnico para se tornarem um risco jurídico e reputacional de alto impacto, especialmente para o setor financeiro. Com o aumento de fraudes eletrônicas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) consolidou um entendimento que reforça a responsabilidade das instituições financeiras em casos de golpes e falhas de segurança digital, mesmo quando há indícios de participação ou negligência do próprio consumidor.
Para executivos de alto escalão, como CEOs, CFOs e diretores de governança, essa consolidação representa uma necessidade estratégica: fortalecer a cultura de segurança e conformidade digital em todos os níveis da organização.
Falhas em segurança digital: Qual o novo entendimento do STJ?
A decisão do STJ reafirma que as instituições financeiras têm responsabilidade objetiva pelos prejuízos causados por fraudes decorrentes de falhas nos seus mecanismos de segurança. Em outras palavras, os bancos e fintechs respondem pelos danos sofridos pelos clientes, independentemente da comprovação de culpa direta.
O fundamento jurídico se apoia no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê a responsabilidade do fornecedor pelos defeitos relativos à prestação de serviços.
No contexto digital, o tribunal tem reconhecido que as falhas nos sistemas de autenticação, monitoramento de transações ou prevenção a fraudes configuram defeitos do serviço, mesmo que os ataques tenham sido realizados por terceiros.
Esse entendimento foi reforçado em julgados recentes que envolvem fraudes em aplicativos bancários, transferências via PIX e engenharia social. Segundo o STJ, cabe às instituições financeiras implementar mecanismos de segurança capazes de prevenir e detectar comportamentos atípicos de forma proativa, protegendo o consumidor contra riscos previsíveis.
De risco jurídico a questão de governança
Para a alta liderança, a decisão do STJ amplia a urgência de uma governança de segurança digital sólida e auditável. A responsabilidade da instituição vai além do cumprimento formal de normas: é preciso demonstrar diligência contínua na proteção de dados e na prevenção de fraudes.
Isso significa integrar o tema à estrutura de governança corporativa, com indicadores, auditorias e políticas de segurança revisadas periodicamente. A segurança digital deve estar no mesmo patamar de atenção que áreas como compliance, finanças e auditoria interna.
A atuação do Data Protection Officer (DPO) e dos comitês de risco torna-se ainda mais relevante. Esses profissionais precisam alinhar as práticas internas aos parâmetros da LGPD e às recomendações do Banco Central, garantindo que a instituição não apenas cumpra a legislação, mas demonstre capacidade de resposta diante de incidentes.
Riscos reputacionais e financeiros
As consequências de uma falha de segurança não se limitam às indenizações judiciais. A perda de credibilidade junto ao mercado e aos clientes é, muitas vezes, o impacto mais difícil de reverter.
Uma instituição que sofre um ataque cibernético e não consegue demonstrar um plano de contenção eficiente pode ter quedas significativas em valor de marca, fuga de investidores e perda de confiança do público.
Além disso, decisões como a do STJ tendem a influenciar a regulação e a fiscalização, pressionando o setor a elevar seus padrões técnicos e jurídicos. O custo da não conformidade pode ser muito superior ao investimento em prevenção.
O papel estratégico da liderança
Para o C-level, a segurança digital não é apenas uma pauta de tecnologia, mas um fator estratégico de continuidade do negócio. CEOs e diretores devem adotar uma postura ativa na gestão de riscos cibernéticos, estimulando políticas de conscientização interna, parcerias com especialistas em segurança e revisão periódica dos contratos com fornecedores de tecnologia.
Algumas práticas recomendadas incluem:
• Mapeamento e mitigação de riscos cibernéticos em todos os níveis da operação.
• Adoção de protocolos de resposta a incidentes e simulações periódicas.
• Integração entre áreas de tecnologia, jurídico e compliance para decisões rápidas e seguras.
• Treinamentos contínuos de conscientização sobre engenharia social e golpes digitais.
• Revisão contratual e técnica de provedores externos, garantindo que também cumpram padrões de segurança adequados.
A liderança que compreende a segurança digital como investimento, e não como custo, se antecipa a riscos regulatórios e consolida a confiança do mercado.
Segurança digital como pilar de sustentabilidade corporativa
O entendimento do STJ reforça uma verdade inevitável: falhas em segurança digital não são meras vulnerabilidades técnicas, mas falhas de gestão e governança. As instituições financeiras precisam tratar a proteção de dados e a prevenção a fraudes como pilares estratégicos, com envolvimento direto do alto escalão.
O cenário atual exige maturidade jurídica e tecnológica para garantir conformidade, resiliência e confiança. E a consolidação desse entendimento pelo STJ é um alerta claro: a responsabilidade pela segurança digital começa, e deve permanecer, na liderança.
O BL Consultoria Digital apoia instituições financeiras e empresas de tecnologia na implementação de programas de governança de dados, compliance digital e adequação à LGPD, com soluções estratégicas que fortalecem a segurança e a conformidade jurídica.
Entre em contato e descubra como proteger sua organização contra riscos legais e reputacionais no ambiente digital.